Boas, juventude!
Hoje na praia apercebi-me de uma coisa deveras interessante. Apesar de estar bem acompanhado, alias muito bem acompanhado, tenho por hábito de visualizar que está, como está e por quem se faz acompanhar. Depois de varrer visualmente o areal e o mar a procura das sereias encantadas, só havia focas e baleias assassinas, perdi um pouco mais do meu tempo a tostar e a formar opinião sobre o traje quotidiano do bicho humano e o que ele influi no relacionamento interpessoal.
Tudo isto aconteceu devido a uma certa menina que eu conheço e que na praia me pareceu outra pessoa ao ponto de passar por ela e ser quase que insultado por não a ter conhecido.
E uma verdade que cada vez passamos mais tempo frente ao espelho para sairmos mais melhor bem de casa. Já não se limita ao sair arranjado ou sair javardo. Mas também é verdade que a culpa de passarmos mais ao espelho não é nossa exclusivamente. Até porque se fosse aposto que muita gente ate saia de casa de pijama.
Nos nossos dias, a imagem é 95% daquilo que as pessoas pensam de nós enquanto objecto agradável á vista, se possível ao tacto e á um pouco menos provável de acontecer facilmente, AINDA, a degustação. Não há volta a dar. Uma pessoa relaciona-se com outra, ou melhor, fala com outra de forma diferente mediante o aspecto que tem.
É uma coisa que qualquer pessoa nega, seja homem ou mulher, pois parece mal dize-lo. Especialmente quando a pessoa não e tão agradável visualmente. Num tempo em que os relacionamentos são cada vez mais parecidos com o conceito de fast food quem não é visualmente apelativo lixa-se tem dificuldades em comer ou então ser comido porque não! Sai sempre bem, para quem a diz, aquela frase “ tu és muito boa pessoa e tal. Ajudaste-me na minha vida e não sei o que mais mas e só como amigos!”.
Eu não sei, se será abusar da inteligência das pessoas mas… o pessoal quer uma pessoa para a nossa vida que nos apoie, ajude e nos faça crescer ou quer um(a) besta que nos consome as energias, nos trata abaixo de animal, se calhar até trai e ainda por cima conseguem fazer com que se lhes diga “ai eu amo-te tanto” com som de choradeira no fundo.
Parece-me que vivemos de relacionamentos mais rápidos que a própria sombra, que fazem corar o melhor restaurante fast food, vidas vividas do momento, em que o factor emocional é facilmente substituído pelo da carne. Afinal, uma chicha boa depois de comida a única coisa que resta é dizer se soube bem ou e um prato para nunca mais comer. Não há desilusões, sentimentos que nos traem a cada segundo e acima de tudo não há expectativas elevadas para alem do de saber bem.
A conclusão é simplesmente brilhante! Todos nós saímos de casa o “mais melhor bem vestidos e a cheirar bem possível” de forma a sermos devorados nem que seja apenas pelos olhos de quem nos queremos fisgar ou até dos transeuntes pois até é bom e levanta o ego. Azar é daqueles que por mais que se esmerem frente ao espelho nunca são tão apelativos quanto se deseja por ai. A bem dizer está-se a recriar o conceito que existe no mundo automóvel. Compramos um carro não porque é aquilo que precisamos tendo em conta utilidade, e o que nos pode proporcionar mas compramos porque e giro engraçado ou tem a cor mais bonita.
C’est la vie! Les jolis apprécient et d'autres sont pleurés.
Beijinhos e abraços.
Atmosférico